quinta-feira, 21 de abril de 2011

"A ressureição e o Espiritismo"



Espiritismo kardecista e Espiritismo Cristão são a mesma coisa. Difícil mesmo é encontrarmos, nesse sincretismo proposto, algo que possa conciliar Cristianismo e Espiritismo.

Surpreende qualquer um o fato de não haver Allan Kardec feito qualquer menção à ressurreição de Jesus, no seu livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Ora, a ressurreição de Jesus é doutrina fundamental do Cristianismo. Se Ele
não tivesse ressurgido dos mortos, então não seria o Messias prometido, e suas palavras não teriam nenhum sentido. Também no Livro dos Espíritos os “espíritos” nada dizem a respeito desse assunto importantíssimo para a comunidade cristã.

Ao contrário, o codificador da doutrina espírita manifesta sua incredulidade quanto à possibilidade de um corpo morto voltar à vida, quando declara que ...”a ressurreição dá idéia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acha
m desde muito tempo dispersos e absorvidos” (E.S.E. cap. IV, item 4). Com essas palavras o Espiritismo descarta a possibilidade da ressurreição de Jesus.

O Espiritismo Cristão ou Kardecista deveria aceitar como verdadeiras, por óbvias razões, todas as palavras de Jesus. Quem afirmou isso foi o próprio Kardec ao dizer que Jesus foi a Segunda Revelação de Deus; que Jesus foi um Espíri
to Puro, que veio à terra com a missão divina de ensinar aos homens. Tais virtudes e títulos colocam Jesus numa condição de insuspeito em tudo aquilo que nos revelou. Então, vejamos o que Jesus e os evangelistas disseram sobre o assunto:

“Mas, depois de eu ressuscitar, irei adiante de vós para a Galiléia” (Palavras de Jesus, Mt 26.32).

“Desde então, começou Jesus a mostrar aos seus
discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muito dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia” (Palavras do evangelista, Mt 16.21).

“E o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem, e crucifiquem, e ao terceiro dia ressuscitará” (Palavras de Jesus, Mt 20.19).

“Derribai este templo, e em três dias o
levantarei” (Jesus, Jo 2.19).

“Quando, pois, ressuscitou dos mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes dissera isso” (Evangelista, Jo 2.22).

“Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como tinha dito. Vinde e vede o lugar onde o Senhor jazia. Ide, pois, imediatamente, e dizei aos seus
discípulos que já ressuscitou dos mortos: (Mt 28.6-7).

Além desses registros, dentre outros, que comprovam a predição e o cumprimento da ressurreição de Jesus, outras passagens mostram que Ele falou sobre uma futura ressurreição: “Os que fizeram o bem sairão [dos sepulcros] para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação”
(Jo 5.28-29; 6.39-40, 44,54). A Ressurreição coletiva ensinada por Jesus é detalhada por Paulo em 1 Tessalonicenses 4.16: “Os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro”(v.1Co 15.23); e em Apocalipse 20.4-5, 12-13, que corroboram o ensino da ressurreição coletiva, no Juízo. Tais afirmações são sintetizadas em Hebreus 9.27: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação”.

No livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VI-5, Kardec registrou a palavra de um “espírito”, que diz ser Jesus, nos seguintes termos: “Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar aos incrédulos que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a doutrina divinal... Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai e enveredaram
pelas ásperas sendas da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos socorrais mutuamente, e que se faça ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a dos que já não vivem na Terra, a clamar: Orai e crede! Pois que A MORTE É A RESSURREIÇÃO, sendo a vida a prova buscada e durante a qual as virtudes que houverdes cultivado crescerão e se desenvolverão como o cedro... Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: (O Espírito de Verdade – Paris, 1860)”.
Esse “Jesus” do Espiritismo trouxe uma palavra
um tanto diferente do Jesus bíblico...
Que coisa não? Precisa falar mais alguma coisa?

Victor Silva


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